CENTRO DE REPRODUÇÃO EQUINA JACOB

1MORAIS, Rita de Cássia Lima; 1SÁ, Marcos André Ferreira; ²JACOB, Júlio César Ferraz; 3CARVALHO, Carla Fernanda Paranhos de Moura; 4 STEFANI, Stefani; 4GOMES, Diego Rodrigues;5 SILVA, Jadér Lobato Verginio da

1Doutorando(a), Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, UFRRJ, bolsista CAPES; 2Prof. Departamento de Reprodução e Avaliação Animal, Instituto de Zootecnia, UFRRJ; 3Prof.Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ;4 Graduando(a) em Medicina Veterinária, UFRRJ; 5 Graduando em Medicina Veterinária,Unifeso.

Palavras chave: Andrologia; Garanhões; hCG; Ultrasson; Doppler.

 

INTRODUÇÃO

 

Além de mediadores químicos locais, os hormônios sexuais parecem estar envolvidos na regulação do fluxo sanguíneo testicular (TARHAN, et al., 2003).

Uma dose de 5000UI de hCG em garanhões é suficiente para estimular a produção e aumentar os níveis cinrculantes de testosterona e de estrógenos (BOLLWEIN, et al., 2008). Os machos dessa espécie produzem normalmente mais estrógenos (que tem ação vasodilatadora) do que andrógenos e os garanhões em que a hCG foi administrada apresentaram estas mesmas características (LIMA et al., 2000).

A ultrassonografia (US) no modo Color Doppler (UCD) se tornou o método diagnóstico de escolha na avaliação da vascularização de vários órgãos, incluindo os testículos (POZOR,MCDONNEL, 2002). Até o presente momento não foi encontrado na literatura pesquisas sobre a vascularização testicular em equinos aferida por meio da UCD pelo método subjetivo em porcentagem de coloração. Pelo modo de US de aferição de fluxo sanguíneo, modo Doppler espectral (UCDE), Pozor, et al. (2006a), realizaram uma pesquisa avaliando o fluxo da artéria testicular no cordão espermático de garanhões, durante as quatro estações do ano e relataram a ocorrência de flutuações no fluxo sanguíneo nessa artéria entre as diferentes estações. Já Pozor et. al., (2006b), realizando um trabalho utilizando tratamento com hCG, observaram pela UCDE, que houve um aumento no tempo máximo de velocidade (TAM) e na taxa de fluxo sanguíneo total arterial no exame realizado 1h após o tratamento com a dose de 6000 UI de hCG e não houve alteração dos parâmetros avaliados após sete dias do tratamento

Considerando a escassez de informações sobre o assunto na literatura, essa pesquisa teve como objetivo avaliar possíveis alterações na vascularização testicular, pelo exame UCD, em garanhões férteis após a administração de hCG.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado em dois ciclos utilizando quatro garanhões da raça Mangalarga Marchador durante diferentes estações do ano (janeiro, abril, julho e outubro de 2016), na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica-RJ, Brasil. Os animais foram divididos em dois grupos: GI (n=4), administrando 5ml de solução salina e GII (n=4), administrando 5000 UI de hCG (5ml) (Chorulon®), ambos i.v. in bollus. Em cada mês os procedimentos foram subdivididos em dois ciclos (C1 e C2) com seis dias (D) cada e com um intervalo de três dias entre os ciclos. Nos dias impares avaliou-se dois cavalos, um de cada grupo e nos dias pares os outros dois de cada grupo. Para o C2, seguiu-se o esquema experimental rotacional “cross over”, onde: CI = animal 1 (GI) e 2 (GII) avaliados nos dias D1, D3 e D5 e animal 3 (GI) e 4(GII) em D2, D4 e D6; CII= animal 1(GII) e 2 (GI) avaliados nos dias D1, D3, D5 e animal 3 (GII) e 4 (GI) em D2, D4 e D6. O tratamento foi realizado apenas no primeiro dia de cada ciclo (D1 e D2). Seguidamente aos tratamentos e com os animais contidos e tranquilizados com Cloridrato de Xilazina 2% (0,00028 mg ̸ kg), foi realizada a UCD, aferindo a vascularização dos testículos, uma hora antes de cada coleta de sêmen e imediatamente após.

Para realizar a UCD testicular, o parênquima testicular foi escaneado em três cortes, com o transdutor posicionado da seguinte forma em cada testículo: vertical-cranial, vertical-caudal e horizontal-lateral. A perfusão vascular testicular foi estimada subjetivamente através da pontuação da extensão dos sinais coloridos para o fluxo sanguíneo em tempo real em um intervalo de 1 minuto.  Para cada varredura, foram selecionadas três imagens fixas, utilizadas para a determinação dos pontos finais relacionados à porcentagem de coloração da imagem (0-100%). As médias de porcentagem de coloração das imagens de cada corte (cranial, caudal e lateral) caracterizaram a vascularização testicular como um todo.Todos os dados obtidos foram submetidos aos testes Qui-quadrado e ANOVA com significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo não observou diferença significativa (P>0,05) entre as porcentagens de coloração observadas nos testículos, aferida pela UCD, entre os grupos GI e GII, antes e após as coletas de sêmen e nem entre as diferentes estações do ano (Tabela 1).

Tabela 1 – Média ± desvio padrão da % de coloração do fluxo sanguíneo testicular em color Doppler (três avaliações por grupo) de 4 garanhões, nas 4 estações do ano, tratados com solução salina ou hCG (P>0,05).

Apesar de não terem sido encontrados na literatura relatos sobre a perfusão vascular testicular pelo UCD, Pozor et al. (2006b), utilizando o UCDE, observaram um aumento do fluxo sanguíneo na artéria testicular do cordão espermático de garanhões uma hora após administração de 6000UI de hCG. O mesmo seguimento examinado pelo UCDE, por Pozor, et al. (2006a) durante as diferentes estações do ano, demonstrou um aumento nos parâmetros espectrais do fluxo arterial testicular correlacionados aos aumentos de testosterona e estradiol na primavera, em relação ao inverno. Essa variação, provavelmente foi devido esse estudo ter sido realizado acima da linha do equador, em local de estações climáticas definidas, sendo diferente da localização geográfica da qual nossa pesquisa foi realizada, em que não há um fotoperíodo distinto entre as diferentes estações.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a administração de uma única dose de 5000 UI de hCG em garanhões não foi suficiente para causar alterações na perfusão vascular dos testículos, mensurado pelo método color Doppler nas condições pesquisadas.

REFERÊNCIAS

BOLLWEIN, H.; SCHULZE, J.J.; MIYAMOTO, A.; SIEMEN, H. Testicular blood flow and plasma concentrations of testosterone and total estrogen in the stallion after administration of human chorionic gonadotropin. J. Reprod. Dev., v.54, p. 335-339, 2008.

LIMA,S.B.; WISCHRAL, A.; FERREIRA, F.; VERRESCHI, I.TN. Resposta esteroidogênica induzida por hCG em garanhões jovens Mangalarga: testosterona e sulfato de estrona plasmáticos. Brazilian Journal of Veterinary and Animal Science, São Paulo, v. 37, n. I, p. 52-55, 2000.

POZOR, M.A.  MaCPHERSON, M.L.; TROEDSON, M.H.T.; VERSTEGEN, J. Effect of seasonality on testicular blood flow in mature stallions. Animal Reproduction Science, v. 94, p. 144–145, 2006(a).

POZOR, M.A. MacPHERSON, M.L., TROEDSON, M.H.T., VERSTEGEN,J. Effect of a single administration of human chorionic gonadotropin (hCG) on testicular blood flow in stallions. Animal Reproduction Science, vol. 94. P. 146-147, 2006(b).

POZOR, M.A.; MCDONNEL, S.M. Doppler ultrassound measures of testicular blood flow in stallions. Theriogenology, v. 58, n. 2, p. 437 – 440. 2002.

TARHAN, S.; GUMUS, B.; GUNDUZ, I.; AYYILDIZ, V.; GOKTAN, C. Effect of varicocele on testicular artery blood flow in men—color Doppler investigation. Scand J Urol Nephrol. v.37,p. 38–42,  2003.

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