CENTRO DE REPRODUÇÃO EQUINA JACOB

Oliveira,J.P.; Jacob,J.C.F.; Moraes;R.C.L.;Dutra,G.A.; Cunha, R.Z.; Santos, M.C.A.;

 

A zona de conforto térmico em equinos varia de 5°C a 25°C, logo, animais mantidos na região da Baixada Fluminense, com temperaturas alcançando 45°C no verão, estão sujeitos a terem sua produtividade afetada. O objetivo do estudo foi avaliar a ocorrência do estresse térmico em éguas na sombra e insolação e se há alterações na duração do ciclo estral e em suas fases. A pesquisa ocorreu no Departamento de Reprodução e Avaliação Animal da UFRRJ, entre novembro e dezembro de 2011/2012 e 2012/2013 com 16 éguas da raça Mangalarga Marchador, de 3 a 15 anos, alojadas em piquetes das 7 às 18 horas e soltas a pasto à noite. Foram avaliadas por quatro ciclos estrais (C1, C2, C3 e C4). Distribuídas da seguinte forma: GI – Conforto térmico (sombra natural) e GII – Desconforto térmico (sem sombra). Durante o C1 e C2 foram avaliados 28 ciclos (GI=14 e GII=14) e C3 e C4 com 24 ciclos (GI=14 e GII=10). As éguas foram trocadas de grupo a cada ciclo estral até o término de C4. Aferiu-se a resposta dos animais à variação da temperatura a partir dos parâmetros fisiológicos (temperatura retal- TR, frequência cardíaca- FC e respiratória- FR) às 7:00, 13:00 e 18:00 horas, a cada 2 dias. As faixas do conforto térmico foram calculadas pelo índice de temperatura do globo e umidade (ITGU), onde os valores até 74, 74 a 79, 79 a 84 e acima de 84, definem a situação de conforto, alerta, perigo e emergência, respectivamente. A ultrassonografia transretal foi realizada diariamente nos quatro ciclos consecutivos por cinco ovulações consecutivas acompanhando os diâmetros foliculares até a ovulação. O corpo lúteo teve seu diâmetro mensurado após a ovulação até não ser mais identificado. A ecotextura uterina foi determinada com o sistema de escore (1 a 4) do edema das pregas uterinas. Com estes dados obteve-se a duração do ciclo estral e de suas fases. As variáveis foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, quando a normalidade foi significativa, p<0,05, a comparação dos dados foi pelo teste de Kruskal-wallis, quando a normalidade não foi significante. Durante o estudo a média da temperatura ambiental média diária foi de 29 °C, a média da mínima foi de 23 °C e a média da máxima foi de 37,5°C (com máx. atingindo 44,5°C e a mín. 19,3°C). A umidade relativa do ar média diária foi de 67,5%, com máx. de 97,9% e mín. de 17,2%. Os valores de ITGU médio diário mostraram que em apenas 5% dos dias o ITGU foi menor que 74% (conforto), em 24% com  74 a 79 (alerta), 62% em perigo e 9% em emergência. Sob condições de perigo e emergência totalizou-se 71% dos dias, sendo desfavorável ao conforto térmico. Os parâmetros fisiológicos não se alteraram significativamente em ambos os grupos às 07:00 e a TR também não se alterou em nenhum dos horários. A variação da FC foi maior no GII às 13:00 com média de 48,4 ± 5,9 (p < 0,05) e FR maior nos horários de 13:00 e 18:00 com média de 46,3 ± 23,7 (p<0,05) do que em GI, que obteve média de FC = 46,3 ± 23,7 e FR = 46,3 ± 23,7 (p<0,05), como foi esperado, já que a radiação solar e a umidade são os principais fatores ambientais que influenciam a termorregulação. A duração em dias do ciclo estral (GI = 21 ± 2,16 e GII = 22 ± 2,1), do diestro (GI =13 ± 1,54 e GII =13 ± 2,01) e do estro (GI = 8 ± 2,34 e GII= 9 ± 2,31) não variaram entre os grupos (p>0,05), demonstrando que a condição de maior desconforto térmico no GII não afetou a duração destes. Apesar das éguas passarem a maior parte do tempo em desconforto térmico sob condições de perigo e emergência, levando a alterações em seus parâmetros fisiológicos, indicando estresse térmico, não observou-se alterações na duração do ciclo estral e nem em suas fases.

Palavras-chave: Clima; Éguas; Reprodução.

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